De acordo com uma definição muito mais céptica da democracia (a de Schumpeter), esta é principalmente um arranjo institucional em que os candidatos ou potenciais governantes concorrem por votos, ou seja, a democracia é um mercado e os eleitores sao os seus clientes. Quando o ganhador for escolhido, tem margem de manobra para realizar as políticas que considera mais adequadas para com o interesse público. A legitimidade deste vem determinada pelo apoio dos “clientes”, a manutenção do interesse público e o apoio do resto das instituições democráticas e livres, indispensáveis para o funcionamento da política saudável.
O Parlamento é o espaço onde os representantes dos “clientes” legislam e decidem sobre os temas mais importantes que tocam a vida da sociedade civil, ademais do Estado. As leis que visam definir a forma da sociedade civil tornam-se cada dia mais específicas e menos abstratas, e portanto é mais difícil saber o que podemos fazer, pois o nosso critério adulto e responsável é substituído por um paternalismo que talvez nos toma por tontos e incapazes de tomar decisões por nós mesmos, além de impedir o nosso crescimento como povo democrático. A nossa crescente ignorância (alimentada por esta vaga de legislação inoportuna) apresenta uma oportunidade de ouro para os potenciais totalitarismos e populismos, que não tardarão em aparecer provocando fricções sociais e guerras entre compatriotas, pelos temas que despertam mais paixões e que deveriam despertar mais bom-senso e consenso.
Mas o que acontece no Parlamento para além disso? Enquanto alguns legislam em voz baixinha, sem que ninguém que trabalhe tenha tempo de seguir a actividade, as imagens que nos chegam e que preenchem a comunicação social são imagens vergonhosas. O nível ao que assistimos durante os debates dos políticos, dos nossos queridos Sapateiros, é sem dúvida preocupante. Tive a oportunidade de presenciar o Debate sobre o Estado da Nação em Espanha, e aquilo não se correspondia com as responsabilidades que os representantes tem. A retórica eleitoralista não desaparece nas sessões parlamentares, e o semi-insulto é algo sempre presente. Em lugar de ocupar-se dos assuntos mais técnicos e que precisam de atenção iminente dedicam-se a mandar-se mensagens e pancadas dialécticas. Zapatero relembrava-lhe a Rajoy, com um riso de malandro como se fosse uma criança que voluntariamente goza com outra por ter menos dinheiro ou menos amigos, que perdeu três eleições e que tinha muita vontade de sentar-se onde ele se senta.
Pois senhor Zapatero, dedicar o tempo dos seus debates a rir-se dos opositores em lugar de confrontar os assuntos que requerem atenção (estando como está o país) é vergonhoso. O nível de conhecimento das matérias que estão em jogo, está obviamente pelo chão. Se fosse o contrário, outras coisas seriam feitas em lugar de improvisar políticas próprias de estudantes de economia de primeiro ano. E claro que Rajoy (que representa a milhões de espanhóis, governados por Zapatero) quer estar sentado no lugar do actual presidente. Qualquer pessoa sente essa necessidade nesta altura tao crítica, e o líder da oposição é líder da oposição por alguma razão (duvidemos ou não de que seja uma alternativa sólida).
Essa retórica é inútil, “chulesca” e venenosa, enquanto medidas urgentes sao requeridas, ademais de ser um insulto não só aos votantes do principal partido da oposição, senão também a todos os espanhóis que esperam que o Parlamento sirva como uma plataforma de debate sério, de conhecimento, de reflexão sobre as políticas certas e as suas consequências, assim como a análise dos problemas. Não é uma guerra pelo voto. A concorrência acaba no momento das eleições. Depois disso, os clientes tem direito de usufruir o seu investimento, e não, como acontece em Espanha, estar imersos num desgoverno total, numa batalha eleitoral sem limites que impõe uns custos desproporcionados e inimagináveis para nós e para as gerações futuras, se nao presenciarmos antes a desintegração do Estado espanhol (vemos também como o processo do Estatuto catalão é um exemplo de realização de políticas como resposta a uma determinação de ganhar votos e manter-se no poder através de custos irreversíveis e históricos, que só podem trazer clivagens sociais e a apocalíptica desintegração de um Estado).
O Parlamento é o espaço onde os representantes dos “clientes” legislam e decidem sobre os temas mais importantes que tocam a vida da sociedade civil, ademais do Estado. As leis que visam definir a forma da sociedade civil tornam-se cada dia mais específicas e menos abstratas, e portanto é mais difícil saber o que podemos fazer, pois o nosso critério adulto e responsável é substituído por um paternalismo que talvez nos toma por tontos e incapazes de tomar decisões por nós mesmos, além de impedir o nosso crescimento como povo democrático. A nossa crescente ignorância (alimentada por esta vaga de legislação inoportuna) apresenta uma oportunidade de ouro para os potenciais totalitarismos e populismos, que não tardarão em aparecer provocando fricções sociais e guerras entre compatriotas, pelos temas que despertam mais paixões e que deveriam despertar mais bom-senso e consenso.
Mas o que acontece no Parlamento para além disso? Enquanto alguns legislam em voz baixinha, sem que ninguém que trabalhe tenha tempo de seguir a actividade, as imagens que nos chegam e que preenchem a comunicação social são imagens vergonhosas. O nível ao que assistimos durante os debates dos políticos, dos nossos queridos Sapateiros, é sem dúvida preocupante. Tive a oportunidade de presenciar o Debate sobre o Estado da Nação em Espanha, e aquilo não se correspondia com as responsabilidades que os representantes tem. A retórica eleitoralista não desaparece nas sessões parlamentares, e o semi-insulto é algo sempre presente. Em lugar de ocupar-se dos assuntos mais técnicos e que precisam de atenção iminente dedicam-se a mandar-se mensagens e pancadas dialécticas. Zapatero relembrava-lhe a Rajoy, com um riso de malandro como se fosse uma criança que voluntariamente goza com outra por ter menos dinheiro ou menos amigos, que perdeu três eleições e que tinha muita vontade de sentar-se onde ele se senta.
Pois senhor Zapatero, dedicar o tempo dos seus debates a rir-se dos opositores em lugar de confrontar os assuntos que requerem atenção (estando como está o país) é vergonhoso. O nível de conhecimento das matérias que estão em jogo, está obviamente pelo chão. Se fosse o contrário, outras coisas seriam feitas em lugar de improvisar políticas próprias de estudantes de economia de primeiro ano. E claro que Rajoy (que representa a milhões de espanhóis, governados por Zapatero) quer estar sentado no lugar do actual presidente. Qualquer pessoa sente essa necessidade nesta altura tao crítica, e o líder da oposição é líder da oposição por alguma razão (duvidemos ou não de que seja uma alternativa sólida).
Essa retórica é inútil, “chulesca” e venenosa, enquanto medidas urgentes sao requeridas, ademais de ser um insulto não só aos votantes do principal partido da oposição, senão também a todos os espanhóis que esperam que o Parlamento sirva como uma plataforma de debate sério, de conhecimento, de reflexão sobre as políticas certas e as suas consequências, assim como a análise dos problemas. Não é uma guerra pelo voto. A concorrência acaba no momento das eleições. Depois disso, os clientes tem direito de usufruir o seu investimento, e não, como acontece em Espanha, estar imersos num desgoverno total, numa batalha eleitoral sem limites que impõe uns custos desproporcionados e inimagináveis para nós e para as gerações futuras, se nao presenciarmos antes a desintegração do Estado espanhol (vemos também como o processo do Estatuto catalão é um exemplo de realização de políticas como resposta a uma determinação de ganhar votos e manter-se no poder através de custos irreversíveis e históricos, que só podem trazer clivagens sociais e a apocalíptica desintegração de um Estado).
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