Apr 20, 2010

Resposta a um artigo sobre Garzón

Como resposta a um artigo que tentava explicar o que se passa em Espanha com o juízo ao magistrado Baltasar Garzón, intitulado Garzón, Pinochet, e os franquistas ( http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/04/08/baltazar-garzon-pinochet-e-os-franquistas/ ), reflecti desta forma:

O juiz Varela não quer mandar 20 anos a Garzón a prisão, como o artigo diz. Varela e Garzón são velhos amigos, esendo Varela um juiz reconhecido, ademais conhecido por ser de esquerdas. Ambos têm trabalhado juntos.
Além de estar sentado no banco dos suspeitos por investigar os crimes do Franquismo, está sentado por mais duas causas, entre elas mandar fazer escutas entre advogado e cliente, ilicitamente.
O trabalho de Garzón tem sido inigualável e ninguém discute isso. Ele está a tempo de demonstrar que é inocente. Mas uma coisa é preciso ter em mente. A lei é cega, e se existem irregularridades que um tribunal superior, instância independente do Estado, detecta, sejam notadas por grupos fascistas ou por Nossa Senhora de Fátima, têm que ser investigadas.
O advogado de Garzón, negou hoje que o Tribunal Supremo de Espanha persiga ao seu cliente, como irresponsavelmente o governo reclama.
Se eu vou roubar, de pouco serve que o meu passado foi brilhante. Se sou denunciado por outro ladrão, eu sou ladrão porque roubei. E neste caso, nem sequer roubei por fome.
Uma das razões para destacar a transição espanhola foram aspectos como a anistia, ou ver a todos tentando deixar de lado atrocidades. O futuro de um país depende da sua paz e da sua estabilidade, entre outras coisas, e não era de bom-senso continuar uma guerra que aconteceu há 70 anos. Se os crimes durante a guerra civil (que foram cometidos por ambos bandos, e isso ninguém pode ignorar, embora a tendência seja essa) e durante o franquismo foram injustos, tão injusto é voltar a uma vingança de algo horrível, porque seria voltar à guerra (tão fácil como isso). Se os líderes da transiçao fizeram-na daquela forma, era para conduzir um país a paz necessária para a democracia.
Todos estamos sob a lei, se não a democracia não existe. Mudar a lei porque um juiz é muito querido, e custe vê-lo sentado é o começo de algo muito violento, além de ter pouco de democrático e justo.
É pouco responsável que certas pessoas públicas, como artistas ou jornalistas, e os funcionários de governo, digam que o franquismo está de volta…é chamar à guerra, uma guerra que os jovens nunca vivemos, mas que já podemos começar a cheirar.


Quero acrescentar agora que Garzón renega e recusa todas as manifestacoes populares que tem surgido nos últimos dias contra a justica espanhola. Quando a iniciativa popular, inclinada pelas mais fervorosas paixoes, manipule as decisoes da justica independente, a democracia deixará de ser democracia.

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